Sugestão de leitura: "Diário do Escritor"
Diário do Escritor (1873)
de Fiódor Dostoiévski
(Sugestão do docente Rui Fonseca, Diretor da EEDH)
Gostaria de partilhar com todos o Diário do Escritor de Fiódor Dostoiévski, publicado pela Relógio D'Água, primorosamente traduzido pela dupla Filipe e Nina Guerra. A qualidade da tradução está sempre garantida por esta dupla experiente, proporcionando-nos uma leitura prazerosa e muito próxima do original em russo.
É certo que podia ter escolhido qualquer obra de Dostoiévski, pois, do meu ponto de vista, foi o escritor que conseguiu mergulhar mais profundamente na alma russa. Mais que isso, o seu conhecimento detalhado dos labirintos e caprichos do ser humano faz das suas obras verdadeiros tratados sobre a alma humana, em tudo o que tem de bom e de mau, em toda a santidade e maldade, em todos os seus pecados e virtudes. Ler Dostoiévski permite-nos uma auto-análise dura, confrontando-nos connosco próprios a cada página, sem pudores, sem limitações e com argúcia.
Fiódor Dostoiévski, este segundo filho de sete irmãos, viveu no início do século XIX e, ainda muito jovem, sofreu as maiores dores humanas que se podem sentir, com a morte prematura da mãe e o assassinato brutal do pai, tendo conhecido o regime de internato e a pobreza a fundo. Aos vinte e cinco anos, conheceu o sucesso literário com o seu primeiro romance Gente Pobre. Já jovem adulto, foi condenado à morte, vendo a sua pena comutada para duros anos de trabalhos forçados na Sibéria. Escreveu muito, sobretudo longos e sofredores contos que são o reflexo da sua vida de sacrifício e dor, mas também um retrato da sociedade em que viveu. Para compreender a escrita de Dostoiévski, importa conhecer o calvário que foi a sua vida, pois foi essa vida marcada pela dor do corpo e da alma que forjaram a singularidade da sua escrita.
Neste Diário do Escritor, Dostoiévski, além de permitir-nos mergulhar nos seus pensamentos, dúvidas, medos, angústias, desencantos e preocupações, permite-nos mergulhar numa parte da sua vida. Esta obra remete-nos para um período em que o autor viveu no estrangeiro (1867-1871), analisando e refletindo sobre múltiplos acontecimentos da vida quotidiana aparentemente insignificantes, mas que são a expressão de mudanças históricas muito relevantes. Como escritor e como homem atento ao seu tempo, Dostoiévski partilha connosco a sua leitura dos acontecimentos históricos, analisando-os e interpretando-os, no quadro de uma caminhada humana eterna. Talvez por isso também a sua obra seja intemporal, pois é sobre o âmago do ser humano que escreve este autor russo que é universal.
(Sugestão do docente Rui Fonseca, Diretor da EEDH)
Gostaria de partilhar com todos o Diário do Escritor de Fiódor Dostoiévski, publicado pela Relógio D'Água, primorosamente traduzido pela dupla Filipe e Nina Guerra. A qualidade da tradução está sempre garantida por esta dupla experiente, proporcionando-nos uma leitura prazerosa e muito próxima do original em russo.
É certo que podia ter escolhido qualquer obra de Dostoiévski, pois, do meu ponto de vista, foi o escritor que conseguiu mergulhar mais profundamente na alma russa. Mais que isso, o seu conhecimento detalhado dos labirintos e caprichos do ser humano faz das suas obras verdadeiros tratados sobre a alma humana, em tudo o que tem de bom e de mau, em toda a santidade e maldade, em todos os seus pecados e virtudes. Ler Dostoiévski permite-nos uma auto-análise dura, confrontando-nos connosco próprios a cada página, sem pudores, sem limitações e com argúcia.
Fiódor Dostoiévski, este segundo filho de sete irmãos, viveu no início do século XIX e, ainda muito jovem, sofreu as maiores dores humanas que se podem sentir, com a morte prematura da mãe e o assassinato brutal do pai, tendo conhecido o regime de internato e a pobreza a fundo. Aos vinte e cinco anos, conheceu o sucesso literário com o seu primeiro romance Gente Pobre. Já jovem adulto, foi condenado à morte, vendo a sua pena comutada para duros anos de trabalhos forçados na Sibéria. Escreveu muito, sobretudo longos e sofredores contos que são o reflexo da sua vida de sacrifício e dor, mas também um retrato da sociedade em que viveu. Para compreender a escrita de Dostoiévski, importa conhecer o calvário que foi a sua vida, pois foi essa vida marcada pela dor do corpo e da alma que forjaram a singularidade da sua escrita.
Neste Diário do Escritor, Dostoiévski, além de permitir-nos mergulhar nos seus pensamentos, dúvidas, medos, angústias, desencantos e preocupações, permite-nos mergulhar numa parte da sua vida. Esta obra remete-nos para um período em que o autor viveu no estrangeiro (1867-1871), analisando e refletindo sobre múltiplos acontecimentos da vida quotidiana aparentemente insignificantes, mas que são a expressão de mudanças históricas muito relevantes. Como escritor e como homem atento ao seu tempo, Dostoiévski partilha connosco a sua leitura dos acontecimentos históricos, analisando-os e interpretando-os, no quadro de uma caminhada humana eterna. Talvez por isso também a sua obra seja intemporal, pois é sobre o âmago do ser humano que escreve este autor russo que é universal.
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