Sugestão de leitura: "As Aventuras de Dona Redonda"

Aventuras de Dona Redonda
(1942)


de Virgínia de Castro Almeida

(sugestão da docente Ana Pereira Neto)


Reencontro de prateleira com escritores perdidos na memória

Nas abordagens que faço no âmbito da cultura, fazendo percursos por diversos trilhos temáticos de algumas das prateleiras que revisito, tanto as da minha biblioteca pessoal ou das públicas, onde se cruzam várias gerações de escritores, lembro-me por vezes da Virgínia de Castro Almeida. Pese o facto de ter criado um universo que captou a atenção do público infantil, nos seus best sellers Aventuras de Dona Redonda e História de Dona Redonda e da sua gente, destacou-se em várias áreas da escrita. Foi uma das mais prolíferas escritoras da primeira metade do século XX, que acompanhou entusiasticamente os avanços da tecnologia e conhecimento científico de várias décadas.
Esta mulher, que tinha a aura das lutadoras que pugnaram sempre pela liberdade, garantida ainda que fatuamente pelo ideal republicano, destacou-se pelo pioneirismo em áreas criativas onde se incluem os guiões para cinema. Contudo, pese o regime do Estado Novo, produziu muito trabalho de divulgação cultural. Destaca-se o seu papel como primeira tradutora portuguesa, sendo que, na literatura infantil, é de referir a famosa obra de Erich Kästner, da década de 30: Emílio e os Detectives.
Como poliglota que era, editou em francês e em inglês temas relacionados com a História de Portugal, adaptando-se ao que era permitido pelo regime político.
Esta mulher atenta, possuidora de acuto olhar para a realidade que interpretava de forma informada, conforme apanágio de quem, na época, tinha preocupações com a disseminação de conhecimento e pedagogia, é agora apenas uma desconhecida.
O facto de a ter reencontrado cria o ensejo de empreender a publicação de uma antologia sobre a obras de mulheres que se destacaram na primeira e segunda metade do século XX. 
Espero que tenha deixado aqui, para quem nos lê, a vontade de tirar o pó da memória quase perdida nas nossas prateleiras.
O reencontro geracional é fabuloso, tanto para debate como para recriação de ambientes e catapulta para o mundo onírico. Os livros duram para sempre e os escritores são imortais enquanto os lembrarmos.

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