Preconceitos no panorama literário português: Clube das Mulheres Escritoras na Festa do Livro de Belém

No domingo passado, dia 8 de setembro, o Clube das Mulheres Escritoras realizou  uma conversa pública sobre os "Preconceitos no panorama literário português", durante a Festa do Livro de Belém, com o objetivo de sensibilizar o público para a discriminação de que as autoras ainda são alvo, no que toca à publicação, à divulgação, à receção crítica e à leitura das suas obras.

Criado em março de 2023, este clube começou por promover encontros informais entre um pequeno grupo de autoras, mas cresceu rapidamente e tornou-se uma estrutura muito produtiva e bem organizada. Atualmente, para além do site oficial, o CME participa ativamente nas redes sociais e produz uma newsletter informativa, uma newsletter literária  mensal com textos inéditos exclusivos e uma revista anual, dinamizando ainda inúmeros eventos de interesse para os leitores em geral. 

A finalidade do clube é fomentar a troca de ideias e estratégias para a produção e divulgação do trabalho das escritoras, bem como conseguir maior visibilidade para as obras de autoras portuguesas nos meios de comunicação social e literários, que ainda são dominados não só pelos homens, como também pela literatura estrangeira. Foi com esse propósito que algumas delas se juntaram para falar em público na Festa do Livro, de forma muito aberta e objetiva, sobre aquilo que muitos leitores não veem, ou fingem não ver: os preconceitos que minimizam, quando não menosprezam, o meritório trabalho das mulheres na área da literatura. 

Porém, as autoras não se limitaram a criticar a situação atual, sugerindo formas concretas de a alterar, como as seguintes:
  • Publicar menos livros, para que os editores possam selecionar melhor e com mais tempo o que vale a pena editar, para que os livreiros possam conhecer melhor as obras que vendem e para que os livros tenham tempo suficiente para ganhar visibilidade e chegar aos leitores;
  • Criar mais estantes de literatura lusófona nas livrarias;
  • Incluir mais obras de autoras contemporâneas nos programas curriculares e no Plano Nacional de Leitura;
  • Adquirir mais obras de autoras portuguesas contemporâneas para as bibliotecas públicas e escolares;
  • Dar formação dos livreiros e bibliotecários com a presença dos autores, para que possam falar da sua própria obra e das dificuldades que sente no mercado;
  • Acabar com o rótulo de "literatura feminina", um subgénero depreciativo e condescendente no qual  se tem insistido em colocar todas as mulheres que escrevem. Literatura é só uma, não tem género!
Três dias antes, o Clube das Mulheres Escritoras tinha participado no evento Book 2.0, onde as escritoras Filipa Fonseca Silva, Gabriela Relvas e Sara Rodi também falaram sobre a necessidade de quebrar estes preconceitos. A equipa do Projeto #isecaler apoia esta iniciativa e deseja que mais e mais leitores sejam sensibilizados para estas questões.


Comentários

  1. Importantes iniciativas pela Cultura e igualdade de género!

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