Última sessão do Clube de Leitura do ISEC Lisboa em 2024/25
A Professora Sandrina Esteves começou por citar as palavras* que abrem a página web do autor, pedir que as comentasse, falando um pouco do que representava, para si, o processo de escrita. Frederico d' Orey explicou que sempre recorreu à escrita por necessidade, como uma forma natural de se expressar. Porém, a partir do momento em que se tornou um "jovem escritor de 67 anos", passou a ter método, disciplina, foco, objetivos. Compara, então, o ato de escrever a uma escalada ao Everest ou a uma prova de atletismo, na medida em que é um processo penoso, mas que vale a pena, porque dá sentido à vida - tanto que, atingida a meta, se fica com vontade de iniciar outra jornada.
Sobre o protagonista de Filho de Ninguém, o autor explicou que Hans é alguém que se foi definindo durante o próprio processo de escrita do romance. «E se ele não tivesse família? E se ele não soubesse nada sobre as suas origens?» - Foram hipóteses que o autor foi levantando, desenvolvendo assim a a identidade e a história de alguém que se tornou uma personificação de um conceito-base ou ponto de partida: a ideia de ser "nascido de ninguém".Para estimular os outros a escrever, Frederico d' Orey sublinhou que o seu romance aconteceu como uma agradável surpresa: na verdade, não imaginara vir a escrever um livro, nem tão pouco que uma editora quisesse publicar o seu manuscrito. Agora, é uma enorme satisfação descobrir que há tantos leitores que apreciam o seu livro. O mais incrível na escrita, para si, é podermos falar intimamente com pessoas que nunca vamos conhecer, partilharmos com elas o que vivemos ou construímos na nossa imaginação.
Relacionando a temática da obra com os tempos conturbados que vivemos na atualidade, o autor manifestou-se preocupado com o facto de estarmos a produzir inúmeros "filhos de ninguém", nomeadamente na Ucrânia e em Gaza. Felizmente, considera, há anjos na terra - que é onde são precisos! -, como Ema, a salvadora de crianças órfãs do seu livro. E acredita que todos nós podemos ser anjos dos outros, ou já fomos. Na sua opinião, sempre que ajudamos os que estão perdidos a encontrarem o caminho, estamos a ser anjos.
Como veem, este encontro foi verdadeiramente inspirador! E a partir de setembro, esperamos que possa haver muitos mais. 😊
* O livro é quase cinematográfico. A busca da identidade começa na linguagem e este livro é a prova de que vale a pena passar à escrita quando o corpo revela essa necessidade. Uma obrigação natural.
Foi uma sessão muito interessante. Obrigada ao convidado Frederico d' Orey, foi um gosto ouvi-lo!
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